Dittico Duchamps-1990- Franco Vaccari
Há pessoas que se guardam nas ideias próprias, mesmo se as vezes, por serem senso comum, adquiridas ou locadas no mercado ofertado das certezas absolutas dos conceitos prévios.
Somente quando essas ideias se cruzam, há conforto entre elas, há sempre mesma escuta na identidade previsível.
Assim e somente assim, essas pessoas se postam juntas lado a lado.
É razoável, para quem os encontros devam ter garantias de que os riscos da controvérsia, e suas possibilidades, sejam de fato neutralizados ou anulados
do perigo iminente de convivência com o diferente. São os similares.
Se eu fosse um economista, diria então que com isto forma-se bolha de ideias.
Uma total liquidez dos pensamentos absolutos investidos no absurdo universo
imobilizado do risco zero. Não pensar é um tipo de garantia, a alienação é um conforto. Mas sendo só um poeta , tenho nas palavras a arquitetura torta do raciocínio sem trena, minha calma não é pequena.
Estou sempre em constante desequilíbrio, comum ao fabrico das ideias novas, resultantes das custas de enganos, dúvidas, dores e sabores; Cada passo meu tem o feitio de um novo desafio.
Talvez por esse saldo devedor é que elas, as ideias, nunca se liquidam. Restam sempre cobranças, créditos arriscados em resultados incertos e saldos de amor a conferir. Existir não tem garantias, pensar pode ser perigoso.
A violência do ar penetra as narinas da vida, é preciso resistência.
Contra o tempo não há freios de decida, para o passado não se treina.
Isso me faz crer que estou eu mesmo, correndo risco de vida.
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