Samba-Zélia Salgado-1947
A cuíca esse instrumento genial,
misteriosa como é uma mulher,
quando mal tocada é agressão total.
Não se deve bolinar de forma qualquer.
Umedecida sob o pano tem de ser,
ela é a doce fala em lábios de atrevida.
Sente o tato e abre-se a planger,
sons de amor que doem como ferida.
Feminina também tem o seu ponto G,
íntima aos toques da marcação grita.
Em seu tom o gemido é de prazer.
Freme a vara, e o grelo em pele vibra.
Na cama da percussão, gargalhada,
vence ao recato, em sons lhe domina.
Privada è gozo de namorada,
em namoro é agito de esquina.
Se por dentro ferve toda molhada,
por fora é pura; Vestal de adrenalina.
Se fala algo é logo notada,
calada é observação que intriga.
Por baixo do latão inóx da saia,
será ela dama ou rapariga ?
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