Desse tempo emprestado de alegria,
ando desocupado, pelas beiras.
Afastado das virtudes da folia,
vejo a vida desfilar pela janela,
tão alegre qual as cores da Portela,
e eu aqui desprovido de valia.
Mas que não seja isso o que me inteira.
Tudo muda com sopro de ventania.
Se recordo o poeta João Nogueira,
dos seus olhos de fogo me vem a luz.
Minh'alma respira o ar de Madureira,
bem pertinho estou de Oswaldo Cruz.
Entrosando a palavra com a bateria,
aonde o samba se bole pelas cadeiras.
Sou movido ao sabor da gabapentina.
Mesmo não sendo isso o que eu queria.
Beijo o ouro e o lilas do Simpatia,
como quem beija a boca brasileira.
Vejo o samba passar por minhas meninas
cuja festa há de varar quarta-feira,Vivermos, aqui, será o que se destina...
No cortejo popular da brincadeira.
Nesse enredo invoco minha auto estima,
num chopinho Cervantes de saideira.
Se essa é a nova serpentina do meu salão,
Deixa falar é o carnaval que me sublima,
ela é a euforia que tenho às mãos.
Se o corpo não vai ao bloco, o vai a rima,
deixo aos moços o Pierrô e a Colombina,
e ao poeta desfilo um samba canção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário