1999- Sebastião Salgado
No teto o branco, sob a sanca, o lustre,
de cuja luz vazia escorre o tempo e só.
A vida para sua atitude, plena e física,
e a realidade contaminada, é tísica,
como é o bacilo a ser derrota, o Koch.
Nesse vazio reina a bactéria doida,
reina invasiva, lerda e lesionária.
Comum aos pobres povos ela se acoita,
entre o descaso e a saúde precária.
Invasiva, deletéria tanatológica e afoita.
Sob o teto calvo do homem resta a sede,
aonde o antibiótico é de domínio público.
Essa solidão madruga e tece tais paredes,
formando as janelas qual o vão mais lúcido.
Retirando a fórceps esse intruso súbito.
Quanta introjeção, fisioterapia,
lenta solução, falta de harmonia,
de cuja vazão jaz sentido único.
Tanta é a solidão, tanta é a alopatia
tanta é expectativa de uma solução.
A jogar no chão essa tal moléstia,
muita paciência, quase tibetana.
Quando isso é tudo o quase que me resta,
trágico contágio, desvirtude urbana,
fora com essa besta bacteriana.
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