Fotografia: A voz do morro- Rodrigo molina
Levei minha nega para uma fita legal no cinema,
numa sala bacana e pequena lá perto do Galo.
Aonde a coruja dorme o barulho é a boca pequena.
Nesse bairro elegante e charmoso que é Ipanema,
a levei com carinho pois eu sei que a santa é de barro.
A fita estrelava o Bezerra da Silva como ator na cena.
Ela disse vou ver esse filme porque ele é um desagravo.
Mas o samba povão deixou minha moça de fato grilada.
Ela chega a fechar os olhos por motivo de grande emoção,
quando viu na telona o sambista real na sua vida privada.
Na primeira cena, o começo, é ligado com um rabecão.
Eu falei: Minha nega o samba é coisa de gente bem séria.
Garateia de ideias do censo comum do mundo povão,
aonde a cultura rasga o verso no código João da Gomea,
quando a crítica vem do olhar afinado do homem peão.
Segue em frente o pagode tocado em cavaco de ouvido,
descrevendo o cotidiano do morro e de seus cidadãos.
Na caixinha de fosforo o toque é bemol sustenido,
despistando a lei que não vem com a macaca e o bandido.
Porque o bicho que pega aparece é com um Tresoitão.
O Jeitinho é a forma mais publica desses barretes.
Nas vielas e becos e bicos de tantas Catraias.
Solução é silencio melhor do que ser "caguete".
O Pagode provem desses duros e dos rabos de saia.
Minha nega se assusta com a justa nesses palacetes.
Essa laje elegante é pro samba do mestre da obra,
a poesia ali esta longe de qualquer verbete.
O malandro é malandro e o mané é aquele calhorda.
ser gourmet é legal, mas na fome farofa de areia é banquete.
Quem não quer entender faz carinho no peito peludo da sogra.
Para sede do espírito um salgado e conhaque sovaco de cobra.
Quem discute a origem da erva é o Genoma semente.
Se tem gente safada no morro, essa gente manobra.
Pois procure mudar o olhar com a visão dessa fala latente,
sem ter constrangimento diante da vida na dobra.
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