Fotografia: Afago Sereno- Pedro Antônio Scharam
Nasci da linhagem do anjo torto
das avenidas de nuvens, mas no fundo
o chão é a prótese do meu corpo.
O bonde que hoje passa, é perigo.
Expande o viés trágico do mundo,
nas máquinas doidas de caçar niqueis.
Cresci na aragem de pedra desse porto.
Já o conheço tanto, já o conheço pouco.
Os que têm abrigo que se curvem,
a ousadia é mais que conforto.
No tempo da estiagem não trago sorriso morto.
Meu amor briga, quer paparico.
Ela tem dores até na alma, eu a sigo
aonde o amor cala mais fundo.
Ah... minha amada, o amor é louco!
É aonde estão as asas, o resto é aborto.
Muitos amam mesmo é a si, e não ao outro.
Choram, sofrem, gozam o desgosto.
A tranquilidade é um susto, mas é algo rico.
Eu preciso ficar atento, meu amor quer paparico.
Não tenho sete faces que embaralhem meu rosto
Não conheço nada fácil, às vezes me complico.
Num único olhar procuro deixar tudo exposto.
Ninguém leu a minha mão, o mundo é o ombro amigo.
Trago-lhe as flores da primavera de agosto.
Quem não tem coragem de amar, não põe o bico.
Deixando isso bem claro diante do aviso rouco,
sei do sussurro do corpo muito mais que do grito.
Sei da vontade de amar se meu amor quer paparico.
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