Fotografia: Corpos de Baile: Batata
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O quanto nos passa, mais custos provem a propósito a vida.
Mais a história invade os nossos ossos com seu ofício de carne,
mais o tempo se apropria do nosso peito de guardar os afetos,
e ainda mais nos arde a tarde no calor alheio de outros tantos olhos.
Quando o custo da existência reside no que houver a mais de próximo, o desejo finca solerte sua cunha de sonhos, sobre tudo que está em nós, e seguimos.
As diferenças nos dividem em únicos e indivíduos, públicos e solidários, antes e após.
Numa solidão dos tais fatos, somos como pequenas peças de quebra cabeças.
A vida se compõe dos riscos fáceis nos cadastros das nossas conjecturas, amarrados nos feixes conseguidos das nossas relações mais íntimas. Assim nos forjamos como criaturas que a realidade deforma com o passar tempo.
Entre o livre arbítrio que temos, e os outros, nós nos construímos de fatos.
Entre um fato e outro seguimos edificando resistências, são dignidades.
Entre um fato e outro perdemos ilusões, como despojos de nossa passagem.
Entre um fato e outro cosemos história, com as linhas resistentes do possível.
Entre um fato e outro irrigamos o tempo, com o sangue quente da felicidade.
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