Fotografia: Desilusão- Vitor Tripologos
Sabe quando um olhar bate no outro,
e só enxerga o que o outro não tem?
Não é um momento pouco,
até é o que há por aí de "Zen".
Esse é o momento em que
se diz: Você é meu! Bem.
Não é mais meu amor,
porque nesse caso o amor já não é.
Não é porque traz desilusão, dissabor.
Dor do que no outro se perdeu fé.
Como se no outro, e em si,
houvesse um vazio no lugar da vida,
um enguiço, um machucado, uma ferida,
um olhar natimorto, sem fim qualquer.
É sempre um momento escroto,
bate boca ou silêncio apático, roupa suja, roto.
Boquete sacolé, tá ligado?
Momento frio em que
estar junto ou não, tanto faz tão pouco,
momento da separação, evento delicado.
Hoje no amor que mais não convém,
entre um homem e uma mulher,
há um jeito feito no meter o pé,
coisa de não encarar a força da maré,
no que o outro exatamente não é.
E se o amor que nesse caso não existe,
teima, ou insiste em parecer que esta bem;
O tempo vai ficando rouco, de dizer
quando o calor não da liga, não vem.
Quando um do outro é refém também,
quando nada mais fica em pé,
há só lágrimas a molhar
esse homem e essa a mulher.
Olham-se...... olham-se...... ele nela, ela nele.
Observam que dos dois não resta ninguém.
É quando o afeto acabou,
acabou porque foi embora,
acabou porque não é mais hora,
acabou porque acabou o porque,
e à flor da pele da para ver.
Nessa hora é que se elabora.
Mas não se elabora um cair da tarde,
não se elabora o claro que é lua,
não se elabora se pimenta arde.
Elabora-se na solidão pura,
elabora-se o que não se atura,
no que já não se enamora,
elabora-se onde e como ir embora.
Lá das duras partes
loucas, malasartes,
perdeu-se tesão,
as saudades serão os píercings,
destes com os quais se fixem,
as memórias que ficarão
espetadas nos descuidos do coração.
http://www.mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com/
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