Nú em Pé - Elvira - 1918- A.Modigliani
Com o caráter que a necessidade clama,
seguem com os olhos firmes de guerreiras.
Buscam nas ânsias do desejo, passageiras,
o bônus a lucrar na forma financeira
das saias curtas, ao despir Copacabana.
Mulheres que ganham vida com os corpos,
introjetando os desejos de outras damas,
Jésicas, Íngreds, Doris, Yasmins, Alanas,
com seus portes de aluguel, flanam ciganas,
assim chamadas nas efígies dos devotos.
São corpos belos de servis augustos anjos
a contemplar a mais ansiosa solidão,
das ambulantes circulando o calçadão,
por poucas cédulas jogam-se ao chão
intimas peças, divulgando-se em esbanjo.
Nesse esforço de bons serviços prestados,
produzem chamas incendiando a terceiros,
cantam proclamas dos amantes trapaceiros,
retumbam forte o som bumbo dos legueiros,
nas poucas horas de estartar apaixonados.
E nessas tardes de tão traídas esposas,
sem muito alarde caminham as poderosas.
Têm o segredo de adúlteras pétalas de rosa,
vestidas do vermelho vulto das gostosas,
nesse horário de verão das mariposas.
Fazem tão bem, sem olhar mesmo a quem,
num pegue e pague dos músculos d'alegria.
Mucosas portas abertas sem a alergia,
dos preconceitos que a própria vida procria
neste ato, alegres às vezes o são também.
Felicidade que se conta contra as horas,
tudo que finda desfaz em si os segredos,
como as fadas amantes dos arremedos.
Essas moças reproduzem seus enredos
depois apenas simplesmente vão embora.
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