Iansã-2004-Daniela Amaral
Sou um poeta de verve ordinária,
lançando a você um desafio.
Sou chuva, sou poça, sou lago, sou rio,
sou mar procurando a sua fúria.
Mas não consegui um comentário
sequer, em nenhum momento.
Ou meu verso é Paraguaio,
ou Oyá não quer os ventos.
Ode Wawá tem a fartura
de rimas nos seus intentos,
Iyá-Ory tem encantamentos,
nesse amante da arte mais pura.
Caçador do axé in natura,
nos compassos da escritura,
da criação do firmamento.
Dizem que Iansã tem uma espada,
aprendeu a usar com Ogum.
Nos reinos por mais de um,
dos orixás foi amada.
Mas agora está cansada,
num desafio de nada,
a divina se esquivou.
Sinta-se pois desafiada,
a responder com palavras,
que sei estarem guardadas
num verso dentro da flor.
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